29 de mar. de 2011

Quimioterapia - parte 4

     Enjoos e vômitos constituem uma das piores partes da merda do tratamento... Eu praticamente mudava-me para o banheiro após cada sessão de quimioterapia, não conseguia comer praticamente nada, exceto maçã verde bem azeda, Yakult, coca-cola e água... Vomitava mil vezes seguidas... Nojento! Beber muitos líquidos era importante para ajudar a eliminar os resíduos da quimio, mas tinha dias que não tinha forças nem para beber água...
     Eu sentia dores pelo corpo todo, câimbras, fraqueza nos braços e pernas, tonturas... Eu sabia que precisava comer, mas era impossível... Enfim, só conseguia voltar a comer depois de passar uns dias vomitando sem parar...
     A outra parte da merda é chamada de baixa de leucócitos, os leucócitos são as células de defesa do nosso organismo e caem muito na quimio... Eu tive fases críticas de baixa de leucócitos, de ter febres super altas e precisar ser internada às pressas, fazer transfusões de sangue e ficar dias na UTI ou CTI... A baixa dos glóbulos brancos, (leucócitos) é um dos piores efeitos colaterais dos medicamentos quimioterápicos no tratamento do câncer e expõe o paciente a outras doenças porque o organismo fica indefeso... Neutropenia é o termo médico usado para a queda dos leucócitos e neste estado o risco de infecções é alto. Cheguei a usar o medicamento Granulokine, recomendado pela minha médica, com a intenção de “brecar” a baixa de leucócitos. Era tipo uma vacina, e o meu amigo Aster era, na maioria das vezes, quem me carregava no colo, para tomar esse medicamento. Era uma injeção extremamente dolorida e funcionava às vezes e, várias outras vezes não “brecava” a baixa de leucócitos, e de repente lá estava eu com uma febre de 38, 39 graus e tinha que “voar” para Campinas e ser internada com risco de vida... Ficava na UTI com máscara e, teve  dias especialmente trágicos, em que cheguei a fazer várias transfusões de sangue e minha mãe teve que assinar termo de responsabilidade no hospital... “Estavam tentando tudo que era possível e eu não estava reagindo"... Imaginam como é doloroso para uma mãe assinar um papel desses?
     Eu lembro bem de um desses dias trágicos, minhas avós foram me visitar na UTI, única vez que elas me visitaram... Vi elas entrando de máscara e minha mãe tinha saído para que elas pudessem me ver... Eu via elas lá e não conseguia falar nada... Não entendia o que estava acontecendo e não tinha forças para dizer uma palavra. Depois elas saíram e vi de relance a Carla, minha amiga... Depois vi minha prima Patrícia e a Simone... Depois minha mãe voltou e ela estava triste, um choro mudo saía de seus olhos... E foi nesse exato instante que recuperei a força de pensar... Comecei a entender que aquelas pessoas tinham ido se despedir de mim caso o pior acontecesse... Não havia muito o que fazer... Já havia feito várias transfusões de sangue e não melhorava... Então, pensei em rezar, mas achei melhor brigar com Deus... Falei para Ele que a minha mãe estava lutando por mim e ela não merecia perder... Falei que não entendia bem como funcionava o sistema Dele... E que era extremamente fácil eu ter acabado com tudo aquilo... Sim, houve momentos em que suicídio passou pela minha cabeça sim... Mas,  eu jamais teria coragem de desistir... Então Deus, você é quem está desistindo de mim... Você está fazendo a minha mãe chorar... Acha certo? Acha mesmo certo? Seja feita a vossa vontade! Só isso... E, foi uma crítica num tom super irônico...  Nessa época, eu não tinha uma relação boa com Deus não... Continuava revoltada e irritadíssima... Eu brigava muito com a minha mãe, por mais que ela fizesse... Não justifica, mas de certa forma, eu descarregava em cima dela... Levava mil broncas dos amigos mais próximos, do Espectro principalmente... E as broncas de nada adiantavam...  Mas era mais ou menos como irmãos que brigam entre si, se alguém de fora fizer algo ao seu irmão, por mais que você brigue com ele, você o ama e toma as dores... Você pode brigar com ele, só você e mais ninguém... E, no caso, Deus estava fazendo a minha mãe chorar, não era eu quem estava brigando com ela... Era Ele. Culpei Deus e pronto. O fato é que depois de ficar brava com Deus, a transfusão estabilizou... Lembro que dormi e acordei sentindo-me bem... Fraca, porém bem e sem dor... Minutos depois, veio a enfermeira e disse que eu estava estável... Minha mãe chorou e agora era um choro alegre, se é que me entendem... Poxa, lembro que a minha médica me abraçou e quase chorou também... E lembro que fiquei dias pensando em Deus... Então Ele existia mesmo... Eu O havia desafiado e Ele havia respondido... Ou não tinha nada a ver e eu  estava delirando?... Será que Ele estava bravo? O que eu devia fazer agora? Pedir perdão? Agradecer?
    Chorei, agradeci e pedi perdão... Pedi de todo o meu coração para Ele não desistir... Para Ele me ajudar...
     Impossível escrever mais hoje...


11 comentários:

  1. Já estive do outro lado; o que a sua mãe e seus parentes estavam. Com o seu ponto de vista estava o meu pai. Agora sei o que ele pensou naquela hora...

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