8 de mar. de 2011

A Fuga!

     Estávamos no finalzinho de dezembro de 1994... E, tanto eu, quanto meus pais, precisávamos de uns dias para "engolir" o diagnóstico... Não gente, eu não fugi de casa... Eu já tinha combinado de ir para a praia com a Paty e tio Sérgio, ia ficar uns dias e voltaria para começar o tratamento imediatamente... Só pensava naqueles 35% de chance que o médico tinha falado... Imaginava que, com um pouco de sorte, poderiam ser 50% ou 60%... Mas, e se eu não tivesse sorte? Aí ficava irritada e pensava que era uma sacanagem misturar sorte com porcentagem... Aí, minha mãe falava: "confia em Deus minha filha", e tinha horas em que eu confiava, conversava com Ele e pedia para que me ajudasse, que me protegesse... E tinha horas, que eu me revoltava e duvidava Dele...
     Fui para a praia e o tio Sérgio seguia (não sei se ainda segue) umas terapias alternativas, medicina natural, essas coisas... Ficamos um tempo na praia e durante esses dias, meu tio, gentilmente aplicou moxa em mim e me ensinou um pouco dessas terapias. A moxa, geralmente preparada com uma erva (não sei o nome da erva), é uma técnica terapêutica utilizada na Medicina Oriental, para tratar e prevenir doenças através da aplicação de calor em pontos utilizando os meridianos de energia pelo corpo. Também fizemos banhos de ar (cobrir e descobrir o corpo, utilizando uma gravação que tem tempo cronometrado, orientando quando deve cobrir-se e descobrir-se e é indicado para purificar o líquido do corpo, absorver o oxigênio, desintoxicar, fortalecer os órgãos internos, melhorar a respiração e a circulação sanguínea), banhos quentes e frios, também chamados de banhos de contraste (imergir qualquer parte do corpo, ou o corpo todo em água quente primeiro, e depois em água fria, alternadamente - os vasos sanguíneos dilatam quando é aplicado calor, e estreitam com a aplicação de frio. Esta mudança de calibre dos vasos sanguíneos estimula a circulação e acelera o processo de remoção de toxinas), fizemos uma dieta alimentar leve, etc. Meu joelho, continuava quente, mas não doía mais, não aquela dor aguda dos primeiros dias... E a Paty, que nem estava doente, fazia tudo comigo... e ainda dava tempo de irmos tomar sol, andar na praia, paquerar... Enfim nada como o mar para nos acalmar... Ah, eu tinha um paquera , um menino que tinha casa vizinha a casa do meu tio na praia, escutava uns "poperôs" horríveis ( Oh! carol, I am but a fool, Darling I love you... - ele escutava essa música mil vezes, tomara que nunca leia o blog... hahahaha), mas era uma graça, um fofo! Inclusive, passamos o reveillon na casa dele, com a família dele... (Estou imaginando a cara da minha prima lendo isso, hahahahaha)
     Bom, acabou-se a praia e fomos para SP, eu deveria vir embora, para começar o tratamento imediatamente, mas a Carina ia para Ubatuba... E, é lógico que não vim embora nada, fomos para a praia de novo, dessa vez: eu, Paty e Carina! E, de verdade, foram dias maravilhosos...
     Embora eu não tenha começado o tratamento imediatamente, graças a essas fugas para a praia, eu precisava desses dias, e como precisava... Quando você vê o resultado do exame, entra em choque, eu entrei... Primeiro fiquei indignada... Ah, sei lá, eu era ruim, não ruim gratuitamente, era do tipo "não pise no meu calo", falava as coisas meio sem pensar, e, se me magoassem , desejava que sofressem o mesmo... mas, por outro lado eu tinha qualidades também e, no meio de tudo, eu achava que era uma injustiça o que estava acontecendo na minha vida... Eu não tinha maturidade para aceitar numa boa na época, e se fosse hoje, também não sei como lidaria... Acho que ninguém espera passar por isso... e nem planeja como lidar com uma doença grave, um acidente... Você só pensa nisso quando acontece com você, ou alguém muito próximo...

     Minhas sinceras desculpas aos meus amigos mais próximos e aos críticos de plantão, mas eu não sabia ser mais branda e compreensiva na época... Muito obrigada por me suportarem e terem permanecido do meu lado nos piores dias da minha vida...


Um comentário:

  1. Bom.. eu que acompanhei td de perto desde o começo sei direitinho td o que passou, Graças a Deus as vezes passamos por provas que vem p/ nos fazer crescer e evoluir como pessoas, nos ajuda a cada dia tentar ser um pouquinho melhor.
    Beijo amiga... venho no seu blog todos os dias.
    Amo vc!!

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