3 de mar. de 2011

Momentos tensos: lembranças de minha adolescência e um diagnóstico...

    O que recordo da minha adolescência?
    Creio que fui uma adolescente extremamente rebelde, impulsiva, explosiva e má... Lembro, principalmente, das  eternas negociações/ “discussões” com o meu pai quando queria sair e ele achava que eu ainda era muito nova para ir à danceteria, shows ou festas... Comecei a sair com mais de 15 anos e, antes de sair, tinha que responder um interrogatório: “Aonde você vai“? “Com quem você vai”? Ah, e tinha hora para voltar... Ai de mim, se atrasasse um minuto... Graças ao meu geniozinho teimoso, isso foi melhorando, os horários aumentando...
     Enfim, curti minha adolescência, desejando fazer 18 anos, com uma trilha sonora embalada por: Legião Urbana, Cazuza, Rita Lee, Titãs,  Capital Inicial, Golpe de Estado, Raulzito,  Ramones, Sex Pistolls, Metallica, Van Hallen, Rush, Green Day, Offspring, Radiohead, Nirvana, Pearl Jam, Smashing Pumpkins, Counting Crows, Foo Fighters, Guns n' Roses, U2, Red Hot Chili Peppers, The Doors, Beatles, Bob Marley etc.
     Lembro dos amores platônicos em que o escolhido nem sabia... E eu já sofria por amor hahahahha! Lembro do primeiro beijo numa brincadeira de pêra, uva e salada mista, dos paqueras, dos beijos melhores que o primeiro, do primeiro namorado, de adorar ganhar flores desde essa época, e nem precisava ser buquê, podia ser um botãozinho com um bilhetinho que eu já ficava feliz! E, quando ganhava uma flor com um bilhete anônimo era melhor ainda, virava detetive por dias, semanas, tentando descobrir... 
     Lembro do primeiro porre, numa festa do vinho no Poli, até rimou heim? Hahahaha! Lembro de dispensar uma pessoa que eu estava adorando, só para poder aproveitar a festa com as minhas primas Patrícia e Carina... Ah, eu avisei que fui má.  E a Patrícia  ainda colaborou chamando "carinhosamente" o menino de "bobão", que de bobo, diga-se de passagem, não tinha nada, era super divertido e carinhoso, um amorzinho... Lembro de um amigo que virou ficante, mas era uma coisa só escondida, até que fiquei muito apaixonada e ele não mais me quis... Nunca entendi bem... Mas foi o pior fora que já levei na vida...
    Lembro, de, um tempo depois,  perder um amor para uma amiga... Não, não era colega não, era amiga mesmo... E não era um paquerinha não, era um amor mesmo, um namoro oficial que já durava mais de 1 ano... Enfim, perdi alguns amigos, mantenho outros até hoje e fiz novos... Lembro dos amigos da escola, tanto em Pinhal quanto aqui, das gincanas, da Camila e da época que a gente era grudada e ficava passando trote nos outros, rindo de tudo, os Carnavais com camisetas de blocos... Saudade!
     Lembro que adorava a boatinha do Recreativo em Pinhal, saudade imensa dos amigos de lá: Bibi, Bárbara, Carla, Lúcia, Evanise etc,  e também vivi  a "era de auge" do Rio Branco, com os showzinhos lotados, as festas: festa brega, festa à fantasia, Halloween, todo mundo à caráter, na companhia das minhas queridas amigas e amigos. Época boa demais... Sinto uma saudade imensa... Saudade também dos esquentas na minha casa ou na casa da Giovana... Fases que podem ser divididas em duas: início antes do diagnóstico e continuação depois do tratamento... O lado bom é que vivi duas vezes...
      E saudade da época que minhas primas e meus amigos de SP estavam sempre aqui... Dos churrascos, de acordar e ir para as cachoeiras, faz tempo que não faço isso... Dos amigos que se tornaram parte da família, especialmente: Seu Mauro, Nilce, Simone, Maurinho, Espectro, Aster, Vasco, Toca, Presunto, Carla, ah muita gente que veio a acrescentar muito na minha vida e que, não importa quanto tempo passe, sempre terão um lugar especial no meu coração...
    Eis que, depois de uma adolescência razoavelmente normal, eu descubro que as coisas não mudam muito só porque se fez 18 anos... A gente começa a pensar em vestibular, a sonhar com a faculdade e, a tão sonhada liberdade, cede lugar a novas responsabilidades... Bom, no meio do cursinho, meus projetos tiveram que ser interrompidos/adiados... Do nada, começo a sentir dor na perna esquerda, começa uma correria de um médico para outro, a dor aumenta e meu joelho trava, eu não conseguia mais dobrar a perna...  Enfim, depois de muitos exames, Dr Fábio, vê uma mancha num raio X e diz: “eu aconselho vocês a procurarem um especialista em Campinas, isso pode não ser nada, só uma calcificação extra, ela sempre foi muito ativa... Mas também pode ser um tumor ósseo”. Lembro dessas palavras como se fosse hoje e choro de novo ao lembrar... Recomeça a maratona de médicos em Campinas, a dor não passava por nada, nenhum remédio resolvia, um exame atrás do outro: tomografia, ressonância, cintilografia óssea e nenhum exame dava um diagnóstico preciso. Eu, que já era rebelde, agora tinha uma causa e só fazia me perguntar “porque isso está acontecendo comigo“? 

    Ah, cheguei ao cúmulo de culpar meus pais, “tudo culpa de vocês”, eu dizia...  Aff, não sei porque eu invento de escrever sobre essas coisas, é doloroso lembrar, choro igual criancinha... Bom, acho que escrevo para lavar a alma mesmo...
     O ano?  1994
     O mês? Dezembro
     A  biópsia e o diagnóstico: 


     Meu mundo caiu, literalmente... Mas isso é assunto para outra postagem...

Um comentário:

  1. Ual, você tem uma história e tanto. Admiro muito sua coragem de vir aqui e contar tudo, imagino como deve ser difícil.

    Mas as vezes é isso. Temos que abrir alma e coração e dizer o que nos machuca.

    Faremos isso. Vou te seguir e continuar a ler seus textos.

    Força, sempre.

    Marte.

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